A Perspectiva Orientada ao Ator em estudos sobre Desenvolvimento Rural

Perspectiva orientada al actor en los estudios sobre el desarrollo rural

Shirley Rodríguez González
Professora na Universidade da Costa Rica
Doutoranda no Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural
na Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Viviane Camejo Pereira
Bióloga. Doutoranda no Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Fábio Kessler Dal Solgio
Professor PhD na Faculdade de Agronomia e no Programa de Pós- Graduação em
Desenvolvimento Rural na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Resumo

A Perspectiva Orientada ao Ator (POA), proposta por Norman Long e Jan Douwe van der Ploeg da escola de Wageningen na Holanda, representa uma importante contribuição para os estudos sobre o Desenvolvimento Rural na América Latina. Neste estudo focar-se-á nos estudos realizados no Brasil. Considera-se importante a compreensão de seus princípios e conceitos, bem como as possibilidades de seu uso em estudos sobre desenvolvimento. Com esse objetivo, é descrita a trajetória da vinculação da Antropologia aos estudos do desenvolvimento rural possibilitando a compreensão por pesquisadores de áreas interdisciplinares do conhecimento. Apresentam-se as limitações das teorias que originaram a formulação da POA e analisa-se a perspectiva como potencial para auxiliar nos estudos sobre desenvolvimento rural. Trazem-se princípios e conceitos como: agência, conhecimento, poder, campos, domínios, arenas e projetos. Analisa-se o uso da perspectiva como arcabouço teórico- metodológico em estudos realizados na Universidade Federal de Rio Grande do Sul no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural.

Palavras- chave: Perspectiva Orientada ao Ator; Desenvolvimento Rural, Agência, Conhecimento.

Resumen

La Perspectiva orientada al actor (POA), propuesto por Norman Long y Jan Douwe van der Ploeg de la Escuela de Wageningen, Holanda, representa una importante contribución a los estudios sobre el desarrollo rural en Latinoamérica. Este estudio contempla los estudios realizados en Brasil y sugiere la importancia de entender sus principios y conceptos. Con este objetivo, se describe la trayectoria de vinculación de la antropología a los estudios de desarrollo rural, permitiendo la comprensión de investigadores interdisciplinarios campos del conocimiento. Presenta las limitaciones de las teorías que llevaron a la formulación del POA y analiza la perspectiva como un potencial para ayudar en los estudios sobre el desarrollo rural. Son presentados los principios y conceptos: agencia, conocimiento, poder, campo, campos, estadios y proyectos. El articulo analiza el uso de la perspectiva como un marco teórico y metodológico de los estudios realizados por la Universidad Federal de Río Grande do Sul.

Palabras clave: Perspectiva Orientada al Actor; Desarrollo Rural, Agencia, Conocimiento.

INTRODUÇÃO

A trajetória dos estudos sobre o desenvolvimento[1] inicia aproximadamente duas décadas depois da Segunda Guerra Mundial, com estudos sociológicos e econômicos (Carneiro, 2012). Estas abordagens permitiram uma análise em nível macro sobre os fatores associados ao atraso econômico e as teorias necessárias para alcançar o desenvolvimento. Mas, estas começaram a ser insuficientes para entender as práticas de desenvolvimento, pois os atores sociais reagem aos modelos de desenvolvimento resistindo e propondo alternativas, exercendo sua agência. Desta forma, estudos sobre desenvolvimento necessitam olhar as especificidades dos atores a fim de compreender como o desenvolvimento é representado, compreendido e encarado nas mais diversas circunstâncias.

A inserção da Antropologia nos estudos sobre desenvolvimento de acordo com Carneiro (2012) teria se dado em três momentos: primeiramente após a Segunda Guerra Mundial com a inserção de antropólogos em organismos internacionais; na década de 1990 como forma de entender os processos de desenvolvimento a partir da incorporação de profissionais da antropologia ao estudo de desenvolvimento; e o terceiro momento com a renovação dos estudos em ciências sociais realizada por pesquisadores europeus, na Universidade de Wageningen com os trabalhos de Norman Long e na Escola dos Altos de Estudos em Ciências Sociais de Marselha com os trabalhos de J-P Oliver de Sardan.

Focar-se-á nos aportes provenientes da Escola de Wageningen tendo como seus principais representantes Alberto Arce, Jan Douwe Van der Ploeg e Norman Long. Este último autor fez parte do grupo de pesquisa liderado por Max Gluckman, do Departamento de Antropologia da Universidade de Manchester, cuja corrente de pensamento centrava-se na história como chave para a compreensão das realidades presentes, assim como a necessidade de estudar as estruturas e os processos sociais nos processos de desenvolvimento (LONG, 2007). Long, Arce e Ploeg e outros pesquisadores orientados por eles, realizaram nos últimos anos diversos estudos etnográficos na América Latina e na África, com a finalidade de compreender os processos de desenvolvimento sob condições ou circunstâncias similares e de que forma que os atores reagem e exercem sua agência frente a estes processos.

O objetivo deste estudo é proporcionar ao leitor, principalmente ao que está inserindo-se na área interdisciplinar, uma compreensão inicial sobre a origem e os conceitos envolvidos na perspectiva orientada ao ator e sua importância para os estudos sobre desenvolvimento rural. O texto está dividido em cinco partes incluída esta. A segunda parte apresenta-se as limitações que as teorias estruturalistas[2] têm e sobre as quais surge a perspectiva orientada ao ator. Na terceira se apresentam os princípios e conceitos mais importantes da perspectiva orientada ao ator. Na quarta apresenta-se a relevância desta perspectiva para os estudos em desenvolvimento rural e alguns estudos que se tem feito nessa perspectiva no Brasil, principalmente na Universidade Federal de Rio Grande do Sul, e por fim, as considerações finais.

TEORIAS ESTRUTURAIS E DESENVOLVIMENTO: SUAS LIMITAÇÕES

Segundo Long (2001, 2007, 2008) os estudos sobre desenvolvimento concentram-se nas teorias da modernização e da economia política, as quais têm similitudes epistemológicas e também compartilham debilidades analíticas. Por um lado, a teoria da modernização propõe o desenvolvimento como um movimento progressivo a formas mais complexas e integradas desde o ponto de vista tecnológico e institucional, por outro lado, a economia política (teorias marxistas e neomarxistas) acentua a natureza de extração de mais valia e acumulação do capital. Ambas as teorias acreditam nos processos de comercialização e mercantilização como os processos orientadores ao desenvolvimento agrário. De acordo com Long (2001, 2007, 2008), estas teorias estruturais possuem limitações teóricas e metodológicas, pois se apoiam em determinismos, linearidade e hegemonia institucional. As teorias estruturalistas possuem a debilidade de focar esta no determinismo institucional enquanto a abordagem pós- estruturalista como o construtivismo social pode dar vez e voz às representações, às prática e às construções coletivas de conhecimento entre os grupos sociais.

Nesse sentido, a construção de uma abordagem construtivista e antropológica emergiu da necessidade de compreender os mecanismos de assimilação dos projetos de desenvolvimento com uma perspectiva orientada ao ator. Nesta perspectiva, o ator, por meio da sua agência, intervém nos processos de desenvolvimento e não sendo apenas um receptor de políticas públicas.

A perspectiva Orientada ao Ator tem sido um arcabouço teórico-metodológico construído por diversos pesquisadores ao longo das últimas décadas.

O caráter teórico está em auxiliar a analisar fenômenos sociais no que tange aos efeitos das políticas de desenvolvimento mobilizando conceitos e orientando suas aplicações. O caráter metodológico está no sentido de focar nos atores sociais, partindo do pressuposto de que essa abordagem antropológica e necessita da sensibilidade do pesquisador em buscar compreender o ponto de vista dos atores.

Segundo Schmitt (2011), a análise dos processos sociais com o foco nos atores buscava um maior entendimento dos processos de desenvolvimento e suas implicações na vida cotidiana: “Esse esforço de reconstrução de modos de explicação e estratégias de pesquisa buscava responder, entre outras coisas, a uma crescente dissociação entre a produção acadêmica e o “mundo real” das práticas e da ação, refletindo, também, as transformações que, com o advento do neoliberalismo, afetaram as geometrias de poder das políticas de desenvolvimento. (Schmitt, 2011: 88).

Este enfoque considera a necessidade de priorizar o entendimento de como os processos externos influenciam e interagem com os processos endógenos de desenvolvimento, analisando a partir dos atores, de como eles se colocam e reagem diante destes processos. É como entender o micro para poder pensar a influência do macro e não ao contrário, pois a perspectiva não ignora as estruturas, mas admite a agência e o poder de intervenção aos atores.

A Perspectiva Orientada ao Ator possui infl dos estudos do antropólogo Max Gluckman sobre a hibridização cultural partindo da noção de que os grupos sociais dominantes incorporam certas práticas como parte de diferentes processos aos que estão imersos, mas mantêm outras, pois os indivíduos têm conhecimentos e são capazes de agir nos espaços de manobra. Possui também bases na fenomenologia, incorporando o princípio de que não existem estruturas pré-determinadas, definidas a priori, pois elas são construídas pela interação dos agentes sociais. Assim, a Perspectiva fundamenta-se no paradigma pós-estruturalista, na epistemologia construtivista.

PERSPECTIVA ORIENTADA AO ATOR

Esta perspectiva foi elaborada a partir de trabalhos do Grupo de Desenvolvimento Rural[3] da Universidade de Wageningen, Holanda, inicialmente com Norman Long e depois com aportes importantes de Jan Douwe Van der Ploeg. As bases teóricas e epistemológicas estão dentro da perspectiva da epistemologia da prática de Karen Knor (Long, 2007), onde os processos de construção do conhecimento são processos empíricos que passam pelo ensaio e erro.

Esta perspectiva teórica e metodológica também se referencia na teoria da estruturação de Antonhy Giddens[4]e apresenta interface com outras teorias do pensamento social como o marxismo e weberiano. Em relação ao marxismo, esta perspectiva critica a ideia de que as estruturas são dadas aos indivíduos, pois se considera que estas não são fixas, elas são mutáveis e reconstruídas pela capacidade de agência dos atores. Sua relação com o pensamento weberiano está na a utilização dos conceitos-chave de agência e de poder (a partir da teoria de Giddens) que brindaria aos atores a capacidade de fazer a diferença.

A compreensão sobre processos de desenvolvimento para Weber, parte da análise do comportamento dos indivíduos. Segundo Sell (2013: 113) “tudo que existe na sociedade, seus grupos, instituições e comportamentos são expressões e objetivações da atividade dos homens que lhes dá seu sentido e seu significado”. Para Weber, na sociologia o método é compreender e explicar a ação social. Nesse sentido, relacionando ao desenvolvimento, a abordagem weberiana permite analisar os processos de desenvolvimento a partir do indivíduo, da microssociologia. Enquanto para Marx e Durkheim, a teoria sociológica compreende o método materialismo histórico-dialético e funcionalista, respectivamente, para Weber o método sociológico é compreensivo (Sell, 2013). Sendo assim, a ação social parte do indivíduo e dele em seus grupos. Os atores do desenvolvimento, sejam indivíduos ou grupos sociais, são dotados de agência e a compreensão desta agência é cara aos estudos sobre desenvolvimento.

Estudos sobre o desenvolvimento em uma concepção weberiana buscam primeiramente compreender a ação social, os atores, o poder e o conhecimento envolvido na agência humana. O desenvolvimento seria um processo de distintas interpretações em que poderiam se verificar verdadeiras, ou não, por meio da análise na dimensão individual dos atores envolvidos nos processos.

A noção de desenvolvimento é comumente usada para se tratar de crescimento econômico, um exemplo é o indicador de produto interno bruto (PIB) per capita. Porém, esta noção está cada vez em desuso, dando espaço a uma abordagem de pós- desenvolvimento, devido à necessidade de explicar o desenvolvimento como não sendo o sinônimo de crescimento econômico. O desenvolvimento precisa abranger outros indicadores para além da renda como, por exemplo, expectativa de vida, mortalidade infantil, anos de estudo, qualidade ambiental, dentre outros fatores. Sem ignorar o fator econômico, mas relacionando-o com outros aspectos da vida social.

Princípios e Conceitos

A perspectiva orientada ao ator surge como uma tentativa diferencial sobre os estudos de desenvolvimento baseados em análises estruturais e genéricas, aportando fundamentos teóricos e metodológicos para o estudo de desenvolvimento a partir do ator e da construção social.

Para Long (2007), a vantagem do trabalho com o enfoque centrado no ator é a possibilidade de perceber diferentes respostas em processos aparentemente homogêneos. Isso porque considera que os diferentes atores sociais não são destinatários passivos de intervenções, mas sim participantes ativos, com capacidade de criar estratégias através de suas interações sociais e institucionais. Assim, é possível o entendimento dos processos de construção dos projetos sociais de desenvolvimento e de como os diferentes atores agem nessa construção.

Na perspectiva orientada ao ator a noção do ator é afim à noção de agência humana estabelecida por Giddens (1984). Segundo esse autor, a noção de agência humana é resultado de um processo reflexivo dos atores, a partir de sua capacidade de trazer as diferentes situações pela consciência e refletir suas escolhas. Os atores são capazes de compreender o que fazem, porque o fazem, quando o fazem. Esta agencia humana é considerada o centro da perspectiva de ator social e é eixo pelo qual giram os planejamento que tentam reconciliar as noções de estrutura e de ator. A noção de agência, para Long (2007: 48) atribui ao ator: “(...) a capacidade processar a experiência social e desenhar maneiras de lutar com a vida, ainda sob as formas mais extremas de coerção. Dentro dos limites de informação, incertezas e outras restrições (...) os atores sociais tem “capacidade de saber” e “capacidade de atuar” (tradução dos autores).

Assim, o ator é considerado um agente coletivo, que age a partir de processos de interação com outros, e o que define sua condição de ator é sua capacidade de agência. O ator se estabelece como um ente coletivo e o que define sua agência é sua “condição de agente”, entendida como a capacidade de saber e de agir. Portanto, “a agência (...) está encarnada nas relações sociais, e só pode ser efetiva através delas” (Long, 2007:50) (tradução dos autores). Este mesmo autor agrega que: “a agência, então, implica a geração e uso ou manipulação de redes de relações sociais e a canalização de elementos específicos... através de pontos nodais de interpretação e interação. Assim, é essencial tomar em conta as maneiras em que os atores sociais se comprometem ou são envolvidos nos debates acerca da atribuição de significados sociais aos eventos particulares, ações e ideias (Long, 2007:50) (tradução dos autores).

Nesta dinâmica da agência, segundo Long (2001, 2007), cada ator exerce algum tipo de “poder”, inclusive aqueles que estão em condições subordinadas. A agência humana esta associada ao poder de ação e esta depende dos processos de conhecimento e da cultura na qual se desenvolvem as relações sociais (Long; Liu, 2009). Tanto o poder quanto o conhecimento surgem dos processos de interação social e é em esse espaço que eles são reificados (Long; Villareal, 2003, Long, 2001, 2007). Portanto, entender como os atores agem nas diversas situações, implica então conhecer o patamar onde eles estão imersos e os recursos que tem para sua ação.

Com o fim de analisar como as ações dos atores se incorporam em campos mais amplos, na perspectiva do ator são estabelecidos três conceitos “campos”, “domínios” e “arenas” sociais, que permitem compreender as relações e ligamentos nos espaços sociais. A noção do “campo social” evoca um quadro de espaços abertos, uma paisagem irregular com limites mal definidos, composto de distribuições de elementos diferentes a partir de princípios coletivos (Long, 2001, 2007). A configuração dos diferentes elementos é produto de intervenções humanas e não humanas no âmbito local ou global e de processos cooperativos ou competitivos. Long (2007:123-124) estabelece que: “Enquanto o campo social fixa o cenário em términos da disponibilidade e distribuição de recursos específicos, tecnologias, instituições, discursos, valores e aliados ou inimigos sociais potencias, as noções de domínio e arena são as que permitem a análise dos processos de ordenamento, regulação e disputa de valores sociais, relações, utilização de recursos, autoridade e poder.

O conceito de “domínio” é utilizado para identificar áreas da vida social que estão organizadas por referencia a um núcleo central o racimo de valores, que são reconhecidos como espaço de certas regras, normas e valores (Long, 2001, 2007). Estes são produzidos e transformados mediante experiências compartilhadas e lutas entre atores de diferentes condições.

Quanto às “arenas”, estas são “espaços nos quais tem lugar as contendas entre diferentes práticas e valores” (Long, 2007:125), buscando resolver as divergências nas interpretações de valor e entre os distintos interesses dos atores.

A noção de “interface” surge dos processos desenvolvidos na arena, e dá uma ideia de algum encontro, ou contato, entre indivíduos com diferentes interesses, recursos, poderes, visões do mundo e repertórios culturais. Esta noção é relevante para compreender os problemas de heterogeneidade social, de diversidade cultural e conflitos de interesses associados aos processos que envolvem intervenções externas (Long; Villareal, 1993, Long; Liu, 2009). Porém é necessário considerar que os atores externos e os contextos e marcos institucionais também configuram os processos sociais, as estratégias e as ações que ocorrem dentro das arenas.

Dessa forma, a análise da interface social auxilia na análise dos processos de transformação política permitindo entender as respostas diferenciadas dos grupos sociais em que os atores locais conformam os resultados de políticas da intervenção particulares. (Long, 2007, Long; Villareal, 1993). Na interface os mediadores acabam por atuar na interface entre a agência social e as definições estruturantes das instituições, e também se assumem como atores e agentes na construção de conhecimento. Nas intervenções, o conhecimento passa a ser um aspecto central, pois como afirma Long (2007:145), “nas situações de intervenção adquire especial importância porque traz consigo a interação e confrontação de formas de conhecimento, crenças e valores do “experto” contra o “ego”, e lutas por sua legitimação, segregação e comunicação” (Long, 2007:145). Portanto, na proposta de interface “o conhecimento surge como um produto da interação, diálogo, reflexão e contendas de significado, e envolve aspectos de controle, autoridade e poder (LONG, 2007, p. 145). Assim como o conhecimento, o poder envolve uma serie de lutas complexas que se fundam no grado em que os atores se concebem capazes de manobrar dentro das situações particulares e desenvolver estratégias adequadas para fazê-lo (Long, 2007, Arce; Long, 1994).

Os atores, a partir dos seus domínios, constroem nas áreas específicas os seus projetos, como formas de articulação das práticas sociais. Os projetos construídos pelos diferentes atores nas arenas respectivas (organizações locais, organismos internacionais, instituições estatais) entram na luta por sua hegemonia. Segundo Long e Villareal (1993), Cotrim e Dal Soglio (2010) essa disputa entre projetos produz um gradiente de filiação as práticas sociais de cada projeto sendo um dos promotores da heterogeneidade no rural, e por tanto, central na constituição de estilos heterogêneos de agricultura.

O enfoque orientado ao ator possibilita identificar e analisar a visão de desenvolvimento dos diferentes atores nos espaços específi Os diferentes atores atuam nas interfaces das arenas sociais mobilizando os recursos disponíveis de forma a compreender e organizar suas práticas que acabam por influenciar a formulação e a implementação de políticas e projetos de desenvolvimento.

Limitações da perspectiva

A Perspectiva Orientada ao Ator, embora seja utilizada como um arcabouço teórico- metodológico, não pretende ser uma teoria. Pelo contrário, essa perspectiva busca uma dimensão interdisciplinar a partir da mobilização de teorias.

Carneiro (2012) estabelece uma análise sobre a antropologia do desenvolvimento e estabelece principalmente três limitações que podem ser aplicadas à Perspectiva Orientada ao Ator. A primeira diz respeito ao uso eclético de contribuições de diferentes corpos teóricos. Esta limitação tem sido contestada por estudiosos da antropologia do desenvolvimento, indicando que esta proposta surgiu como uma necessidade de romper com o espírito de escolha de teorias para a interpretação dos fatos sociais (como lei) contribuindo assim à formação de ortodoxias e não para o diálogo entre diferentes pontos de vista.

A segunda reflete ao uso eclético dos conceitos de campo e arena, pois segundo Carneiro (2012:141) “remetem a corpos teóricos (pelo menos o conceito de campo) bastante fechados, motivo pelo qual sustento que a utilização de um e de outro não pode ser feita tão livre”. Nesse sentido o conceito de campo social de Bourdieu é muitas vezes confundido com o conceito de Arena, embora a concepção de Bourdieu seja estruturalista e se adéqua aos estudos de conflitos e relações de poder enquanto a Arena focaria em como os atores mobilizam seus conhecimentos em uma situação de conflito (re) configurando e burlando as relações de poder existes. Sendo assim a Arena é instável e dinâmica. O terceiro é em relação ao viés interacionista do conceito de estrutura proposto pela Perspectiva Orientada ao Ator. Carneiro (2012) documenta que este conceito é dificilmente aplicável a situações de desenvolvimento que envolvem o deslocamento forçado de pessoas para grandes projetos.

Por sua parte, Deponti (2007) e Guivant (1997) manifestam que uma das principais críticas feitas a este abordagem é a de tender a centrar a análise numa perspectiva microssocial, deixando de lado os fatores estruturais. Mas, segundo Long e Ploeg (2011), Long (2007) esta é a originalidade da proposta, ao enfatizar nas relações sociais que são construídas ou traduzidas pelos atores e como eles, através de suas ações, modificam as suas estruturas, abandonando noções causais simplificadoras como as assumidas nas teorias estruturalistas, funcionalistas e lineais, que ignoram a capacidade de agência dos atores.

Deponti (2007) também manifesta a confusão que alguns pesquisadores fazem ao iniciar pesquisas com foco nos atores. A Perspectiva Orientada ao Ator diferencia-se em relação a abordagem do planejamento participativo ou das metodologias participativas. Embora ambas as perspectivas foquem nos atores, em saber o que eles estão entendendo e reproduzindo, segundo Deponti (2007) e Guivant (1997), o planejamento participativo é insufi porque suas propostas nem sempre consideram as expectativas e interesses dos atores envolvidos e sim interesses específicos diferenciando-se da Perspectiva pela noção de agência. A POA busca entender as expectativas e interesses e como os atores exercem sua agência a partir de suas reflexões. Segundo Long (2007:146) o “poder gera resistência, acomodação e submissão estratégica”, por tanto é necessário entender que há lutas e diferencias de poder, os quais devem ser considerados nestes processos. Além disso, são os agentes de desenvolvimentos os que traduzem os interesses dos atores em projetos específicos, ou que pode provocar uma interferência entre o que os interesses dos atores a as interpretações dos técnicos.

Reforçando esta ideia, Guivant (1997:147) estabelece que: “(...) não se concebe um estádio de desenvolvimento social no qual a questão do poder possa ser excluída como um dos eixos constitutivos das práticas sociais. Junto com a contribuição de ter aberto um campo de legitimidade dos objetivos, interesses e conhecimentos dos atores locais, a abordagem participativa tem limitações especialmente de caráter analítico, que levam a uma restrita compreensão das complexas forças sociais e políticas que estão em ação, de formas mais ou menos implícitas, nas relações entre agricultores e agentes de desenvolvimento.

Outra limitação manifestada por Deponti (2007) e Guivant (1997) é a de desconsiderar, nas suas análises sobre desenvolvimento rural, as especificidades do desenvolvimento sustentável, assim como das relações entre as tecnologias agrícolas modernas e os processos cognitivos. A partir de esta limitação, Guivant (1997) retoma a recomendação de um grupo de investigadores coordenado por Philiph Lowe, da Inglaterra, a importância de uma vinculação com a sociologia da ciência de Callon & Latour, descreve Guivant (2007: 436): “A proposta é a de tomar como ponto de partida da análise os atores e seus interesses, sugerindo que o observador deve seguir aqueles para identificar as maneiras em que definem e associam diferentes elementos com os quais constroem e explicam seus mundos, sejam sociais ou naturais.

Em relação a esta última crítica feita à Perspectiva Orientada ao ator, Long e Ploeg (2011) contestam dizendo que esta perspectiva permite fazer dita especificidade, ao considerar como os indivíduos valorizam seus recursos. As limitações manifestadas pelos diversos autores de alguma maneira têm sido contestadas tanto por Norman Long como por Ploeg. Mas também em alguns casos tem permitido a articulação desta perspectiva com outras abordagens.

PERSPECTIVA ORIENTADAAO ATOR E DESENVOLVIMENTO RURAL

Segundo Schmitt (2011) em relação aos estudos sobre o desenvolvimento rural, “os debates nas últimas décadas foram revitalizados por novas abordagens teóricas e metodológicas, traduzidas em uma ampla gama de estudos de caso, análises comparativas, reflexões de natureza metodológica e esforços de teorização” (Shimitt, 2011:89). Neste sentido a Perspectiva Orientada ao Ator tem sido uma abordagem que permite analisar os processos de desenvolvimento. Esta perspectiva pretende compreender como os diversos processos se inserem nos mundos das pessoais e dos coletivos, passando a ser parte dos recursos e/o limitações nas estratégias sócias que estes desenvolvem ao serem internacionalizadas em seus interpretativos, podendo ter significados diferentes pelos atores envolvidos (Long, 2001). Segundo Long (2007, 2001), a abordagem centrada nos atores, pode contribuir significativamente para analisar as heterogeneidades apresentadas no espaço rural, pois põe o foco em como os atores, a partir de seus recursos (recursos naturais, políticas públicas, redes sociais, mercados, e de outras relações entre rural e urbano), definem e operacionalizam seus objetivos e práticas. Para Long e Ploeg (2011), Long e Villareal (1993) os agricultores têm a capacidade de gerar propostas a outros projetos formulados de maneira externa, resultando em toda uma gama de práticas que se refletem na impressionante heterogeneidade da agricultura. Desta forma, analisar os fatos sociais a partir dos atores permite compreender como as estruturas refletem para os atores e de que forma eles mobilizam seus conhecimentos exercendo sua agência.

Long e Ploeg (2011) estabelecem uma conexão da Perspectiva Orientada ao Ator ao paradigma do desenvolvimento rural ao enfatizar que este se externaliza em processos multi-nível, multi-ator e multifacetado, ao estabelecer relações micro e macro, vincular diversos atores (agricultores, agentes de desenvolvimento, empresários, organismos estatais) pela competência dos recursos e ao confrontar diversas questões associadas no meio rural como são: paisagem, conservação dos recursos naturais, agroturismo, produção orgânica, produção de alta qualidade e produtores regionais, o que implica também a reconfiguração do uso dos recursos rurais. Por tanto a heterogeneidade é uma característica estrutural deste processo, a qual está associada à construção do conhecimento local e por tanto, para a produção e reprodução dessa heterogeneidade. (LONG, 2001)

A Perspectiva Orientada ao Ator permite a compreensão do desenvolvimento rural ao analisar a heterogeneidade de estratégias geradas pelos atores através de interfaces nos distintos processos, reconhecendo suas premissas e, sobretudo, valorizando os estilos de vida e formas de vivência que a vida rural pode assumir. Guivant (2007) adiciona, além disso, que esta Perspectiva pode contribuir significativamente para analisar as heterogeneidades do conhecimento local na construção de conhecimento agroecológico.

Schneider e Gazolla (2011) indicam que os estudos sobre a Perspectiva Orientada ao Ator no espaço rural, vêm-se ampliando entre pesquisadores brasileiros, principalmente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Estes autores organizaram o livro “Os atores do desenvolvimento rural”, onde se demonstra a relevância da Perspectiva Orientada ao Ator no desenvolvimento rural, mostrando as potencialidades e sua aplicabilidade. Por meio de este os autores mostram diferentes experiências que lhes permite concluir que “os agricultores são atores sociais que têm capacidade de responder afirmativamente aos desafios e questões colocadas em sua época” (SCHNEIDER; GAZOLLA, 2011). Tomando a classificação feita por esses autores, as principais aplicações desta Perspectiva se pode dividir em três áreas: a) construção social de mercados, b) iniciativas técnico-produtivas dos agricultores, construção de conhecimentos e inovações que lhes ajudem a resolver problemas de produção mantendo a autonomia no uso de recursos, e c) construção de alternativas produtivas, organizativas e institucionais.

Em relação à construção social de mercados, podem-se citar os estudos de Gazolla e Peregrini (2011), Oliveira et al., (2011) e Conterato et al., (2011), Pacífico (2008) e Caravalheiro; Garcez (2007). Cabe destacar que em este último estudo se fez uma combinação da Perspectiva Orientada ao Ator e da nova sociologia econômica para estudar os processos de mercantilização da agricultura. Eles concluem da seguinte forma: “a nosso modo de ver, talvez aqui haja espaço para uma profícua e fértil interlocução entre POA e NSE” (Conterato et al., 2003, p. 85). Gazolla e Peregrini (2001) e Marques (2009) também utilizaram a Perspectiva Orientada ao Ator com a noção de produção de novidades.

No programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul tem-se desenvolvidos estudos de mestrado e doutorado que analisam diversos temas que envolvem transversalmente questões técnico-produtivas. Sobre os estudos já finalizados podem-se citar os estudos de Preiss (2013), Cardoso (2012), Luz (2012), Muniz (2011), Medeiros (2011), Cotrin e Dal Soglio (2010), Deponti (2010), Bulhões e Dal Soglio (2009) e Marques (2009). Acerca das impressões destes pesquisadores sobre a utilidade da Perspectiva Orientada ao Ator como um arcabouço teórico- metodológico em estudos sobre desenvolvimento rural, Cotrim e Dal Soglio (2010) e Bulhões e Dal Soglio (2009) consideram que a aproximação entre a abordagem da agroecologia e o referencial teórico oferecido pela Perspectiva Orientada ao Ator parece abrir a possibilidade da compreensão da formação da heterogeneidade das combinações de práticas sociais dos agricultores familiares e trazem elementos analíticos que contribuem no entendimento da emergência da construção do conhecimento de forma enraizada na sociedade. Segundo Cotrim e Dal Soglio (2010), este referencial teórico possibilita vislumbres teórico-metodológicos que podem ser valiosos tanto para estudos agroecológicos quanto na análise do processo de construção de conhecimento agroecológico em questão.

Em caso do terceiro grupo, estão os trabalhos de Trisches et al., (2011) e Deponti (2010). Este último, considerando que faz um estudo acerca da análise sobre o programa de extensão rural do Rio Grande do Sul. Ressalta-se sua conclusão em relação a esta Perspectiva, ao indicar que ela contribui no estudo de conflitos ao possibilitar a compreensão da arena e o jogo de forças e poder “que envolve uma proposta de desenvolvimento, abrindo espaço para a compreensão da complexidade da intervenção, valorizando o espaço para manobra e superando as análises que consideram o jogo social antecipadamente definido.” (Deponti, 2010:223-224).

De acordo com o recorte realizado neste estudo, podem-se inferir as distintas e variadas abordagens em que se pode usar a Perspectiva Orientada ao Ator devido a sua utilidade para analisar os distintos processos sociais em que os diversos atores sociais se inserem na busca das estratégias para sua reprodução. Mas também, como alguns de estes estudos mostram esta Perspectiva de análise permite sua utilização com algumas outras perspectivas para ter uma maior compreensão do fato social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho apresentou-se a Perspectiva Orientada ao Ator para a análise dos fatos sociais como um enfoque alternativo às teorias estruturalistas, as quais permitiram uma análise macro sobre o desenvolvimento, mas que começaram a ser disfuncionais para entender as práticas do desenvolvimento, pelo peso que dava ao determinismo externo e à linearidade outorgada ao processo. A partir dos aportes da antropologia do desenvolvimento é construído o enfoque ao ator na busca de examinar desde uma análise histórica, a partir das pessoas envolvidas no processo, como elas reagiam no desenvolvimento, sendo este concebido, como indica Carneiro (2012), situações específicas, ao pensar no desenvolvimento como um processo de construção social que contempla os referencias culturais das pessoas e a importância dos atores neste processo.

Long, a partir da influência da Escola de Wageningem e de estudos etnográficos em África e América Latina constrói a Perspectiva Orientada ao Ator, que foi posteriormente enriquecida com os aportes de Van der Ploeg. Esta Perspectiva, com base na teoria pós-estruturalista de Giddens e dos princípios do construtivismo social, permite entender desde uma visão microssociológica, como os atores constroem seus mundos sociais a partir de seus recursos, significados, propósitos e saberes, assim, busca entender as respostas diferenciadas em processos aparentemente homogêneos.

A noção do ator nesta Perspectiva é afim com a noção de agência humana de Giddens, que considera a capacidade de agir dos atores a partir de processo reflexivos, ainda em condições adversas. Esta capacidade de agência vai estar influenciada pelas relações de poder, as relações de conhecimento e os aspectos culturais que entram em jogo nas relações sociais. Então, para entender como os atores agem nas diversas situações implica conhecer o patamar onde eles estão imersos e as relações geradas na arena, a partir das interfases que surgem do encontro entre indivíduos com interesses, poderes, visões do mundo e repertórios culturais distintos, resultando desta interação os processos de conhecimento a partir do dialogo, contendas de signifi e relações de poder. O enfoque orientado ao ator possibilita identificar e analisar a visão de desenvolvimento dos diferentes atores nos espaços específicos, e os produtos resultantes desse amalgama dentro das arenas sociais, considerando como os diferentes atores na interface, a partir de seus recursos, influenciam a formulação e a implementação de políticas e projetos de desenvolvimento.

Entre as principais limitações da Perspectiva estão o uso eclético de diferentes corpos teóricos, a dificuldade de aplicação a projetos de grande envergadura, a análise microssociológica que faz e que não contempla a relação homem/ natureza na análise do desenvolvimento. Estas limitações de alguma maneira têm sido contestadas tanto por Norman Long como por Ploeg, mas também em alguns casos tem permitido a articulação desta Perspectiva com outras abordagens que complementam a interpretação do fato social.

Constata-se que a Perspectiva Orientada ao Ator tem sido bastante utilizada para os estudos em desenvolvimento rural, devido a sua utilidade para analisar os distintos processos sociais ao que estão inseridos os diversos atores na busca das estratégias para sua produção e reprodução, mas também, estudos como o de Preiss (2013) e de Conterato et al., (2011) mostraram que esta Perspectiva de análise permite sua utilização com algumas outras perspectivas para ter uma maior compreensão do fato social. Portanto, além de estabelecer uma proposta teórica e metodológica para olhar os atores do desenvolvimento rural, quem são os protagonistas do desenvolvimento rural, como foi também indicado pelo Schneider, Gazolla (2013), permite seu uso com outras perspectivas, a partir dos aprofundamentos da análise do fato social que se deseje abordar. Por fim, identificar e entender o papel do ator nos processos de desenvolvimento poderá contribuir para um repensar sobre as ações de intervenção e para orientar as políticas públicas de desenvolvimento rural.

 

REFERÊNCIAS

ARCE, A.; LONG, N. Re-positioning knowledge in the study of rural development. In SYMES, D.; JANSEN, A.J., (eds). Agricultural restructuring and rural change in Europe. Agricultural University Wageningen, Wageningen 1994. p.75-86.

BULHOES, F., DAL SOGLIO, F. A Agroecologia e a Perspectiva Orientada ao Ator na análise do processo de construção do conhecimento e da inovação. Rev. Bras. De Agroecologia, 4 (2) 2009.

CARDOSO, M.A. Agrofloresta como ferramenta de autonomia: a percepção do agricultor familiar de base ecológica. Dissertação de Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural, Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS. 2012.

CARNEIRO, S. Práticas, discursos e arenas: Notas sobre a socioantropologia do desenvolvimento. Sociologia & Antropologia, 2 (4): 129–158, 2012.

CARAVALHEIRO, E. M.; GARCEZ, D. Da perspectiva orientada a ator ao processo de mercantilização: o caso da produção de banana ecológica no litoral norte do Rio Grande do Sul. In: XLV Congresso Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, Anais... Londrina: Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural. 2007.

CONTERATO, M.; NIEDERLE, P. A.; RADOMSKY, G.F.W.; SCHNEIDER, S. Mercantilização e mercados: a construção da diversidade da agricultura na ruralidade contemporânea. In: SCHNEIDER; S.; GAZOLLA, M. (Orgs.). Os atores do Desenvolvimento Rural: perspectivas teóricas e práticas sociais. Editora da UFRGS, Porto Alegre 2011. p. 67-89.

COTRIM, DAL SOGLIO, F. Análise do processo de Construção do Conhecimento Agroecológico. In: VIII Congresso LatinoAmericano de Sociologia Rural. Ponencias GT2. Porto de Galinhas: Asociación Latinoamericana de Sociología. 2010.

DEPONTI, C.M. Desmistificando a intervenção para o desenvolvimento à luz da perspectiva orientada ao ator. In: VII Congresso Brasileiro de Sistemas de Produção. Fortaleza, Anais... Fortaleza: VII Congresso Brasileiro de Sistemas de Produção. 2007.

DEPONTI, C.M. Intervenção para o desenvolvimento rural: o caso da extensão rural pública do Rio Grande do Sul. Tese de Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural, Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS. 2010.

ELLIS, F. Rural livelihoods and diversity in developing countries. Oxford, Oxford University Press, 2000.

ESCOBAR, A. Histories of development, predicaments of modernity: thinking about globalization from some critical development studies perspectivas. In: LONG, N., JINGZHONG, Y., YIHUAN, W. (edts). Rural transformations and development – China in Context. The everyday lives of policies and people. Edward Elgar Publishing Limited. 2010. p. 25-53.

GAZOLLA, M.; PEREGRINI, G. As experiências familiares de agroindústrialização: uma estratégia de produção de novidades e de valor agregado. Ensaios FEE, Porto Alegre, 32 (2): 361-388, 2011.

GIDDENS, A. The constitution of society: an outline of the theory of structuration. UK: Cambridge, Polity Press, 1984.

GUIVANT, J. Heterogeneidade de conhecimentos no desenvolvimento rural sustentável. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, 14 (3): 411-446, 1997.

LONG, N. Du paradigme perdu au paradigme... retrouvé? Pour une sociologie du développement orientée vers les acteurs. Le bulletin de l’APAD, n. 7, Les sciences sociales et l’expertise en développement, [En ligne], mis en ligne le: 13 décembre 2008. URL: http://apad.revues.org /document2183.htmlg /document2183.html. Consulté le 2 janvier 2009.

LONG, N. Development sociology: actor perspectives. London and New York: Routlege, 2001. 293 p.

LONG, N. Sociología del desarrollo: una perspectiva centrada en el actor. México, Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social: El Colegio de San Luis. 2007. 504 p.

LONG, N.; LIU, J. The Centrality of Actors and Interfaces in the Understanding of New Ruralities: A Chinese Case Study. Journal of Current Chinese Affairs, 38 (4): 63-84, 2009.

LONG, N.; PLOEG, J. P. Heterogeneidade, ator e estrutura: para a reconstituição do conceito de estrutura. In: SCHNEIDER; S.; GAZOLLA, M. (Orgs.). Os atores do Desenvolvimento Rural: perspectivas teóricas e práticas sociais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2011. p. 21-48.

LONG, N.; VILLARREAL, M. Exploring development interfaces: From knowledge transfer to transformation of meaning. In: SCHUURMAN, F. (ed). Beyond the Impasse: New directions in Development theory. Zed Press, London. 1993. p 140-168.

LUZ, M. Carijos e barbaquás no rio grande do sul: resistência camponesa e conservação ambiental no âmbito da fabricação artesanal de erva-mate. Dissertação de Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural, Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS. 2012.

MARQUES, F. Velhos conhecimentos, novos desenvolvimentos: transições no regime socioténico da agricultura. A produção de novidades entre agricultores produtores de plantas medicinais no sul do Brasil. Tese de Programa de Pós- Graduação de Desenvolvimento Rural, UFRGS, Porto Alegre, 2009.

MEDEIROS, M. Diversidade de saberes em situações de interface: A emergência da agricultura de base ecológica entre agricultores familiares no sul do rio grande do sul. Dissertação de Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural, Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS. 2011

MUNIZ, M. F. Percepção de agricultores e a agrobiodiversidade em quintais no rio grande do sul: expressões da luta por autonomia camponesa. Dissertação de Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural, Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS. 2011

OLIVEIRA, D.; GAZOLLA, M.; CARVALHO, C. X. ; SCHNEIDER, S. A produção de novidades: como os agricultores fazem para fazer diferente?. In: SCHNEIDER; S.; GAZOLLA, M. (Orgs.). Os atores do Desenvolvimento Rural: perspectivas teóricas e práticas sociais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2011. p. 91-116

PACÍFICO, D.A. Impasses na transição para uma agricultura de base ecológica: o projeto café de Lerroville-PR. Dissertação de Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Rural, Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS. 2008.

SCHMITT, C. Redes, atores e desenvolvimento rural: perspectivas na construção de uma abordagem relacional. Sociologias, Porto Alegre, 13 (27): 82-112, mai./ago. 2011.

PEREIRA, V. C. Conservação do Bioma Pampa e a contribuição do Desenvolvimento Rural. Mundo Agrário, La Plata, 15(28), 2014.

SCHNEIDER, S.; GAZOLLA, Marcio. Os atores entram em cena. In: SCHNEIDER; S.; GAZOLLA, M. (Orgs.). Os atores do Desenvolvimento Rural: perspectivas teóricas e práticas sociais. Editora da UFRGS, Porto Alegre. 2011. p. 11-17.

STADUTO, J. A. R.; AMORIM, L. S. B. A agroindústria rural e as redes de desenvolvimento: um estudo do oeste do Paraná. In: SCHNEIDER, S.; GAZOLLA, M. (Orgs.). Os atores o desenvolvimento rural: perspectivas teóricas e práticas. Porto Alegre: Editora da UFGRS, 2011. p. 151-166.

TRICHES, R; FROEHLICH, E.; SCHNEIDER, S. Relações de produção e consumo: a aquisição de produtos da agricultura familiar para o Programa de Alimentação Escolar no município de Dois Irmãos (RS). In: SCHNEIDER; S.; GAZOLLA, M. (Orgs.). Os atores do Desenvolvimento Rural: perspectivas teóricas e práticas sociais. Editora da UFRGS, Porto Alegre. 2011. p. 253-266.

[1]  Não é objetivo deste estudo apresentar uma discussão sobre o tema do desenvolvimento. Porém, para fins de compreensão neste trabalho o desenvolvimento será entendido “como uma situação de continuidade e de reprodução ambientalmente sustentável de um modo de viver, acompanhado da qualidade de vida e dos aspetos sociais e ambientais. Trata-se da autonomia do homem e da mulher do campo em relação aos pacotes tecnológicos baseados na lógica do mercado do produtivista, e na resistência camponesa como forma de manter a sua cultura, sua reprodução e manutenção de vida no campo.” (Pereira, 2014: 3).

[2]  A teoria estruturalista é baseada na ideia de que as estruturas são construídas por um conjunto de valores e recursos dos sistemas sociais, por tanto estas estruturas modulam as ações dos indivíduos na sociedade, mas também as ações modulam as estruturas, considerando que estas estruturas foram produzidas pelos agentes sociais, mas que esses agentes sociais tem capacidade reconstituir e transformar a estrutura por meio de sua agência (GIDDENS, 1984).

[3]  O desenvolvimento rural neste trabalho é “proposto como o desenvolvimento rural ambientalmente e socialmente sustentável, respeitando a dimensão territorial do desenvolvimento. Contrapõem-se ao projeto desenvolvimentista de difusão da modernização tecnológica no campo.

[4]  Não sendo o sinônimo de desenvolvimento agrícola e não alicerçado exclusivamente na dimensão do crescimento econômico” (Pereira, 2014: 3). A teoria estruturalista é baseada na ideia de que as estruturas são construídas por um conjunto de valores e recursos dos sistemas sociais, por tanto estas estruturas modulam as ações dos indivíduos na sociedade, mas também as ações modulam as estruturas, considerando que estas estruturas foram produzidas pelos agentes sociais, mas que esses agentes sociais tem capacidade reconstituir e transformar a estrutura por meio de sua agência (Giddens, 1984).