Notas sobre o surgimento do fundamentalismo religioso na América Central e sua relação com os direitos humanos

Resumo

Neste artigo, é feita uma exposição do contexto histórico dos anos oitenta na América Central, com o propósito de entender quais eram as condições sociais, econômicas, políticas e de direitos humanos que esses países viviam, nos quais surgiu o neopentecostalismo como uma expressão do fundamentalismo religioso. Isso não foi uma manifestação nativa dessas sociedades, mas sim um fenômeno originado nos Estados Unidos, como parte de um projeto político que buscava responder à situação vivida na região centro-americana naquele período; eram tempos de conflitos políticos e militares principalmente na Guatemala, El Salvador e Nicarágua, cuja atenção e consequências envolveram os demais países da área. No desenvolvimento dessas lutas, também participaram grupos cristãos, que simpatizavam com a teologia latino-americana da libertação, cuja mensagem central era a opção pelos pobres, o que os levou a apoiar os movimentos políticos de libertação que buscavam transformar a estrutura socioeconômica capitalista. Isso evidencia, assim, que o elemento religioso, que historicamente havia sido aliado dos grupos políticos e econômicos de dominação, desta vez, por meio de um pequeno setor, rompeu com essa tradição. Diante disso, os Estados Unidos tomaram a decisão de promover e disseminar o fundamentalismo religioso na América Central, com o objetivo de deter os projetos políticos revolucionários. Conhecer o contexto em que nasce o neopentecostalismo permite compreender sua relação ou oposição aos temas relacionados aos direitos humanos.